Renata Cruz
Portugal,
país dos grandes amores, dos grandes nomes da literatura, da tradição e da
modernidade - seus encantos nos deixam maravilhados. Lembro-me do dia em que
sentei à beira do rio Mondego, saboreei um típico chocolate quente acompanhado
de um saboroso pastel de Belém, tendo a vista magnífica do Convento de Santa
Clara - a - Nova, monumento construído no século XVII. Refleti que, há muitos
anos atrás, Eça de Queiroz e Camões, mesmo sendo de épocas tão distintas, ali estiveram
em algum momento de suas vidas, no mesmo lugar onde eu estava.
Monumentos históricos estão por todos os
lados da cidade de Coimbra, como a Biblioteca Joanina, o Jardim da Manga, o
Jardim botânico, a Sé Velha e Sé Nova, a Quinta das Lágrimas, o Convento de
Santa Clara - a - Nova, lugares pertencentes à história de Portugal que fazem
parte do cotidiano, de modo natural.
Coimbra nos remete ao passado dos reis e
rainhas, como na história trágica de amor representada no Jardim da Quinta das
Lágrimas, que ilustra a história de D. Pedro e Inês de Castro, jardim cercado
de árvores gigantescas e fontes antigas, representação simbólica das lágrimas
de Inês, derramadas quando de sua cruel execução no século XIV.
Além disso, na Universidade de Coimbra,
até mesmo os corredores são repletos de lembranças. Sua arquitetura, pintura,
construções, tudo nos leva a refletir sobre o passado. Tantas histórias vividas
e tantos caminhos cruzados pelos séculos, o que a torna ainda mais esplêndida.
A cidade de Coimbra possibilita ainda hoje o
desenvolvimento da consciência cultural e contribui indescritivelmente para
aprimorar o aprendizado da cultura portuguesa. Toda esta tradição histórica de
um Portugal intelectual está descrita nas palavras do escritor português do
século XX Miguel Torga, em sua obra intitulada de Portugal: “Coimbra é uma linda cidade cheia de significação
nacional. Bem talhada, vistosa, favoravelmente colocada entre Lisboa e o
Porto...”. Torga ainda complementa que “... foi de Coimbra que saíram Camões,
Garrett, Antero, Eça e outros.” No século XVI, Camões faz referência ao rio
Mondego em sua obra mais clássica, Os
Lusíadas, como os “... saudosos campos do Mondego”.
Como não amar esta cidade? Coimbra oscila
entre o passado e o presente, torna-se dupla, uma complementa a outra, o que a
torna uma cidade querida e amada. Assim, em
Portugal, é possível ver como os séculos se entrelaçam de forma encantadora. Este
entrelaçamento pode ser encontrado no projeto de pesquisa Janela de Tomar: Matrizes culturais em narrativas portuguesas e
brasileiras. O intuito do projeto é buscar essas matrizes nas obras entre o
século XIX e a contemporaneidade, o que exige que o leitor passe a conhecer esses
intertextos que, analisados, mostrarão a interligação das obras. Pode-se
perceber que, assim como Portugal, o projeto entrecruza épocas, autores e
ideias, nos proporcionando um grande retrato da Literatura e da Cultura.